Pousada

Eu desejo um amor saboroso. Um território pousada, sustentado pela inocência, pela ausência de armas. Eu desejo um amor lareira. Algo que aqueça um lar, mas ao mesmo tempo lance chispas rumo a um mundo desconhecido. Um sentimento despregado de simbiose e de fuga. Uma boia que embale o silêncio e a dúvida do próximo toque. Carícias e malícias noite adentro. Lirismo e gentilezas manhã afora. Surpresa. Um cheiro de cangote inconfundível, um beijo molhado. Alguém que provoque a minha palpitação celular e o meu melhor espírito de partilha. Uma unidade, feito pitanga, uivo, contorno da lua nova e do sol que não cega. Coisa de bicho, de caverna escura, de frio de penhasco. Possibilidades de gozo fora do horário marcado. Desafio da ordem a nós imposta. Uma comida boa, de sabor indefinido. Um agora, de pouso leve em folha pequena. 

Ps: A convite da A Central, esse poema está estampado nos milhares de guardanapos do estabelecimento, deixando a poesia junto da boca do povo!

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